Medicamentos para emagrecer: o que há de novo e o que dizem as evidências

Com o aumento da obesidade e seus riscos associados — como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e outras complicações — cresce também o interesse por soluções farmacológicas que ajudem na perda de peso. Entre os tratamentos mais investigados e utilizados atualmente estão os análogos de GLP-1 receptor agonists (GLP-1RAs) e medicamentos de nova geração. Mas até que ponto eles são eficazes e seguros? Vamos examinar os dados.

O que são GLP-1RAs e por que ganharam destaque

GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1) é uma substância produzida pelo intestino que regula o apetite, a digestão e a secreção de insulina. Os análogos sintéticos desse hormônio imitam sua ação, reduzindo o apetite, retardando o esvaziamento gástrico e gerando sensação de saciedade — fatores importantes para reduzir a ingestão calórica. Wikipedia+2PubMed+2

Medicamentos como Semaglutida e Liraglutida passaram a ser usados não só no controle do diabetes, mas também no tratamento da obesidade. Estudos clínicos recentes mostram resultados promissores de perda de peso. MDPI+2PubMed+2

Além desses, há uma nova geração de medicamentos sendo estudados — por exemplo, compostos duais que combinam efeitos sobre receptores de GLP-1 e outros hormônios relacionados ao metabolismo e apetite. Wikipedia+1

Evidências de eficácia: quanto emagrecimento pode-se esperar?

  • Em estudos controlados, semaglutida (em doses para obesidade) reduziu significativamente o peso corporal em pacientes com sobrepeso ou obesidade. MDPI+1
  • Um estudo comparando semaglutida e liraglutida sugere que a semaglutida alcança perdas maiores: por exemplo, cerca de –15,8% do peso corporal em determinado período, contra ~ –6,4% com liraglutida. Clinician
  • Revisões indicam que o uso de GLP-1RAs aumenta substancialmente a chance de perder 5 % ou mais do peso corporal, e também ≥ 10%, em comparação com placebo. News-Medical

Em resumo: esses medicamentos podem ser efetivos para emagrecimento, especialmente quando combinados com mudanças no estilo de vida (dieta, exercício, etc.).

Limitações e efeitos colaterais — o que a ciência alerta

Nenhum medicamento é isento de riscos ou de efeitos adversos. Com os análogos de GLP-1, os principais problemas relatados incluem: PubMed+2PubMed+2

  • Efeitos gastrointestinais (náuseas, vômitos, diarreia, constipação);
  • Desconforto abdominal;
  • Risco aumentado de problemas na vesícula biliar (como cálculos biliares) e, em casos raros, pancreatite. PubMed
  • Em contexto real, muitos pacientes interrompem o uso no primeiro ano — entre 20 % e 50% dos usuários. PubMed

Além disso, em 2025, a World Health Organization (OMS) adicionou os análogos de GLP-1 à sua lista de medicamentos essenciais, mas somente para tratamento de diabetes tipo 2 com comorbidades — e não para uso em obesidade sem outras doenças associadas. Isso porque ainda há insuficiência de evidência robusta sobre efeitos a longo prazo e segurança na população geral. CFF

Outro ponto importante: a eficácia em contexto real costuma ser menor do que nos estudos clínicos, especialmente quando o uso é intermitente ou os pacientes não mantêm as mudanças no estilo de vida. PubMed+1

Novas drogas em desenvolvimento: o que vem por aí

A pesquisa não para. Algumas das novas abordagens incluem:

  • Agonistas duplos, que combinam ação sobre o receptor de GLP-1 e outros receptores metabólicos — com potencial para maior eficácia na perda de peso. Wikipedia+1
  • Moléculas orais (em vez de injeções), o que pode facilitar o uso e a adesão. Empresas de biotecnologia têm relatado progressos promissores. Investors+1

Essas inovações podem ampliar opções de tratamento no futuro, mas ainda dependem de mais estudos e aprovação regulatória.

O que considerar antes de usar medicamentos para emagrecimento

Se você está pensando em recorrer a essas medicações, vale levar em conta:

  1. Não existe “pílula mágica” — mesmo com bons resultados, os medicamentos funcionam melhor quando combinados com alimentação equilibrada, atividade física e reeducação de hábitos.
  2. Avaliação médica é essencial — o uso deve ser supervisionado por profissional de saúde, com histórico clínico, exames e acompanhamento.
  3. Monitoramento contínuo — a perda de peso não basta; é importante cuidar de possíveis efeitos adversos, composição corporal (gordura vs. massa magra), saúde geral.
  4. Expectativas realistas — os dados mostram quedas de 5 % a 15–20 % do peso corporal, não milagres. A manutenção depende de disciplina.
  5. Desconhecimento a longo prazo — tratamentos recentes ainda não têm histórico de décadas: os riscos e benefícios em longo prazo não estão totalmente documentados.

Conclusão

Os medicamentos à base de GLP-1 e os novos tratamentos em desenvolvimento representam um avanço importante no combate à obesidade e ao excesso de peso, oferecendo uma opção a mais — especialmente quando outras estratégias (dieta, exercício) não foram suficientes. As evidências mostram que eles podem promover perda de peso significativa e trazer benefícios metabólicos.

Por outro lado, não são soluções definitivas: exigem acompanhamento médico, uso consciente, e nunca devem substituir uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividade física. O ideal é vê-los como parte de um plano integrado de saúde, não como atalhos isolados.

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